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Pais aos filhos: “Olha o que acaba de acontecer, como podemos evitar que aconteça de novo?”

Um dos mais importantes projetos de vida que um casal pode ter é aquele que trata do futuro dos filhos. E isso não quer absolutamente falar de coisas materiais, mas, refere-se, isto sim, à felicidade imaterial, à dignidade, ao senso de justiça, à honestidade, ao conhecimento, à fé.

Na busca desse objetivo principal da construção do caráter e do potencial dos filhos, pais e mães se vêem enredados por grandes desafios, entre eles o de saber como disciplinar as crianças e impor limites.

Uma campanha lançada dia 15/6 abordou o tema radicalizando contra a palmada e o castigo psicológico, recursos que, na dose e no momento certos e, se feito em amor e atitude positiva, são defendidos pela Bíblia. Na divulgação da campanha, a Agência de Notícias dos Direitos da Infância (Andi) ofereceu dicas positivas importantes sobre criação de filhos. O lançamento provocou comentários de educadores. O lançamento, na sexta-feira, 15/6, em Brasília, da campanha “Não Bata, Eduque!” contra castigos físicos e humilhantes contra crianças traz lições importantes para a família. Com enfoque positivo, sem culpar os pais, a ação estimula a utilização de “estratégias positivas de educação, aquelas formas educativas que não utilizam a violência física e psicológica”. A iniciativa é de instituições da sociedade civil, com o apoio do governo federal. A Andi relacionou em seu site na Internet algumas listas destas “estratégias positivas”.

“Dez idéias para os pais levarem em consideração na hora de advertir as crianças:”

“1. Se acalme. Respire fundo antes de chamar a atenção do(a) seu(ua) filho(a). Evite discutir os problemas sob o efeito da raiva, pois dizemos coisas inadequadas para a aprendizagem das crianças, que as magoam tanto quanto nos magoariam se fossem dirigidas a nós!

“2. Sempre tente conversar com as crianças, mantendo abertos os canais de comunicação. Entender porque algo está acontecendo ao conversar com a criança é o primeiro passo para juntos vocês encontrarem a solução!

“3. Jamais recorra aos tapas, insultos ou palavrões! Como adultos não queremos ser tratados assim quando cometemos um erro... Então não devemos agir assim com nossos filhos! Devemos tratá-los da maneira respeitosa como esperamos ser tratados por nossos colegas, amigos ou pessoas da família, quando nos equivocamos. As crianças são seres humanos como nós!

“4. Não deixe que a raiva ou o stress que acumulou por outras razões se manifestem nas discussões com seus filhos. Seja justo e não espere que as crianças se responsabilizem por coisas que não lhes dizem respeito.

“5. Converse com a presença dos envolvidos na discussão. Isso contribui para uma melhor comunicação. Mantenha um tom de voz baixo e calmo, segure as mãos da criança enquanto conversam – o contato físico afetuoso ajuda a gerar maior confiança entre pais e filhos e acalma os pequenos.

“6. Considere sempre as opiniões e idéias dos (as) seus(uas) filhos(as). Afinal, muitas vezes suas explicações pelo ocorrido não são nem escutadas. Tome decisões junto com eles para resolver o problema, comprometendo-os com os resultados esperados. Se o acordo funcionar, dê parabéns. Se não, avaliem juntos o que aconteceu para melhorar da próxima vez.

“7. Valorize e faça observações sobre os aspectos positivos do comportamento deles(as). Elogios sobre bom comportamento nunca são demais! Cuidado para não atacar a integridade física ou emocional da criança fazendo com que ela sinta que jamais poderá atender suas expectativas! Ao invés de dizer “Você é um desastrado, nunca faz nada direito!”, que tal tentar “Olha o que acaba de acontecer, como podemos evitar que aconteça de novo?”.

“8. Busque expressar de forma clara quais são os comportamentos dos quais não gosta e que o aborrecem. Explique o motivo de suas decisões e ajude-os a entendê-las e cumpri-las. As regras precisam ser claras e coerentes para que as crianças possam interiorizá-las!

“9. Prevenir é melhor que remediar, sempre. Gerar espaços de diálogo com as crianças desde pequenas colabora para que dúvidas e problemas sejam solucionados antes do conflito.

“10. Se sentir que errou e se arrependeu, peça desculpas às crianças. Elas aprendem mais com os exemplos que vivenciam do que com os nossos discursos!”

Ainda segundo o texto da agência de notícias, “a criança e o adolescente não são exceções aos princípios contidos na Declaração Universal dos Direitos Humanos das Nações Unidas que considera que “a dignidade é inerente a todos os membros da família e que seus direitos são iguais e inalienáveis para fundamentar a liberdade, a justiça e a paz no mundo”. Com propriedade, o autor da matéria explica: “Os castigos corporais chamados de moderados podem acabar em espancamento. Muitas vezes, pais e mães estressados com as atribulações do dia-a-dia perdem o controle. O adulto é muito mais forte que a criança e essa força pode dobrar se ele estiver com raiva. Há casos de pais que aplicam palmadas no bumbum da criança que chegam a atingir o nervo ciático, causando dores fortes nas pernas”.

“Outro tipo de castigo não muito raro é quando o pai ou a mãe, num rompante de raiva, sacode a criança. Tal punição pode causar lesões permanentes no pescoço e até matar, mesmo que o agressor não tenha a intenção. “A violência contra crianças e adolescentes na família pode freqüentemente ocorrer no contexto de medidas disciplinares e assumir a forma de castigo físico, cruel e humilhante”, alerta o especialista Paulo Sérgio Pinheiro no Relatório Global sobre a Violência contra Crianças no Mundo”, apresentado na Assembléia das Nações Unidas no dia 11 de outubro do ano passado.

“O estudo do professor Paulo Sérgio Pinheiro, diretor do Núcleo de Estudos da Violência da USP, intitulado Relatório Global sobre a Violência Contra Crianças no Mundo, ouviu crianças de todos os continentes que passaram por situações de violência. É o primeiro estudo abrangente desenvolvido, a pedido da Organização das Nações Unidas (ONU), sobre todas as formas de violência contra crianças. O estudo aborda a questão da violência contra as crianças em diversos ambientes: na família, nas escolas, em instituições assistenciais alternativas, instituições de privação de liberdade, em locais onde crianças trabalham e em comunidades.”

Os principais pontos do Estudo Global sobre Violência Contra a Criança foram relacionados pela Andi:

“1. A violência contra crianças não é inevitável. Ela pode e precisa ser prevenida.

“2. Todas as crianças têm o direito a uma vida isenta de violência. A violência contra as crianças nunca pode ser justificada.

“3. As crianças podem oferecer uma valiosa contribuição para nos ajudar a compreender a violência que enfrentam e os danos que ela lhes causa. Precisamos ouvir e aprender com elas e envolvê-las na identificação de soluções.

“4. A melhor maneira de lidarmos com a violência contra crianças é detendo-a antes que ela ocorra, investindo em programas de prevenção. Os Estados devem investir em políticas e programas baseados em provas que ataquem os fatores que originam a violência contra crianças e tomar as medidas necessárias para garantir que recursos sejam alocados para atacar suas causas subjacentes.

“5. Ao mesmo tempo em que priorizam a prevenção de violência, os Estados e todos os setores da sociedade devem também cumprir suas responsabilidades de proteger as crianças e responsabilizar todas as pessoas que as colocam em situações de risco.

“6. A violência ameaça a sobrevivência, o bem-estar e as perspectivas futuras das crianças. As cicatrizes físicas, emocionais e psicológicas da violência podem ter sérias implicações para o desenvolvimento, a saúde e a capacidade de aprender das crianças.

“7. A violência contra crianças desconhece fronteiras. Ela ocorre em todos os países e em todos os grupos sociais, culturais, religiosos e étnicos.

“8. Grande parte da violência contra crianças é camuflada. O abuso de crianças freqüentemente ocorre a portas fechadas e é praticado por pessoas em quem a criança deveria confiar – pais, parentes e conhecidos. As crianças freqüentemente sofrem em silêncio, temendo que, se denunciarem atos de violência, sofram alguma vingança, ou por vergonha.

“9. Todas as crianças estão expostas ao risco da violência precisamente por serem crianças. No entanto, algumas crianças – em função do seu gênero, raça, origem étnica, deficiência ou condição social – são mais vulneráveis.

“10. A violência contra crianças não se restringe unicamente à violência física. Atos de abuso, negligência e exploração também são formas de violência. As crianças afirmam que a discriminação e a humilhação as magoam profundamente e deixam marcas.

“11. Agredir uma criança, em qualquer forma, ensina que a violência é aceitável, perpetuando seu ciclo. Prevenindo a violência hoje, ajudamos a construir um futuro no qual ela não será mais tolerada.

“12. A violência perpetua a pobreza, o analfabetismo e a mortalidade precoce. As cicatrizes físicas, emocionais e psicológicas da violência privam as crianças de sua oportunidade de realizar seu potencial. Repetidamente multiplicada, a violência contra crianças priva a sociedade de seu potencial de desenvolvimento, minando o progresso que poderia alcançar na consecução dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio”.

No dia do lançamento da campanha “Não Bata, Eduque!”, Joaquim Ferreira dos Santos publicou em sua coluna (Gente Boa, O Globo) a nota: “Dói, mas educa” que afirmava: “O educador Caio Feijó, que acabou de lançar “Os dez erros que os pais cometem” defende a palmada na educação. “Se o filho está gritando e se joga no chão no meio da rua, pode dar uns solavancos”, ensina. “Mas o “não” tem sempre que ser seguido de uma justificativa”. Professor da Universidade Federal do Paraná, Feijó dá palestra amanhão no Colégio Notre Dame. “A superproteção”, diz, “é tão prejudicial à educação dos filhos quanto a rejeição e a agressão”.

A Bíblia também traz ensinamentos para a família que seguem esta mesma direção. Nela, encontramos textos que ensinam um tipo de disciplina física, sem raiva e com amor, na busca do melhor para o filho. São textos como: “Não retires a disciplina da criança; pois se a fustigares com a vara, nem por isso morrerá. Tu a fustigarás com a vara, e livrarás a sua alma do inferno.” (Provérbios 22:13,14; ver também: 13:24, 22:15, 20:30). Deus usa a disciplina com seus filhos. Sua intenção é sempre conduzi-los ao caminho certo e encorajar o arrependimento (Salmos 94:12; Provérbios 1:7, 6:23, 12:1, 13:1, 15:5; Isaías 38:16; Hebreus 12:9). Na verdade, o que a Bíblia está ensinando é que não se deve cometer o erro dos excessos, nem da ação, nem da passividade.

Outros textos bíblicos sobre o tema são: “A vara e a repreensão dão sabedoria, mas a criança entregue a si mesma envergonha a sua mãe” (Provérbios 29:15); “E, na verdade, toda a correção, ao presente, não parece ser de gozo, senão de tristeza, mas depois produz um fruto pacífico de justiça nos exercitados por ela” (Hebreus 12:11).

Em outras palavras, a disciplina em amor não é feita na base da ira, como diz Efésios 6:4: “E vós, pais, não provoqueis à ira a vossos filhos, mas criai-os na doutrina e admoestação do Senhor”.

Atualizada: Sábado, 20 Setembro 2014 10:57
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