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Qual o impacto da TV sobre crianças e adolescentes?

O Departamento de Justiça e Classificação (Dejus) do Ministério da Justiça deve publicar na semana que vem o edital da pesquisa que avaliará o impacto nas crianças e adolescentes de imagens veiculadas nos programas de televisão. A partir da publicação do edital, será escolhida uma instituição para credenciar pesquisadores de todo o país e definir o método de pesquisa. “Não vamos produzir um discurso sobre a violência. Queremos oferecer aos pais dados de uma pesquisa de campo empírica. A nossa expectativa é que se tenha uma amostragem de 10 mil crianças. Isso nunca se fez no Brasil, uma pesquisa dessa abrangência”, afirma o diretor do Dejus, José Eduardo Elias Romão. A pesquisa pretende revelar apenas o impacto imediato das cenas. Como explica José Eduardo: "Com relação ao impacto, se uma criança até 12 anos assistir a uma cena de homicídio com uma faca ou tesoura, e esses instrumentos estão ao seu alcance, será que ela pode reproduzir? Será que ela terá maturidade para avaliar que aqueles instrumentos não machucam outras pessoas? Porque a classificação indicativa tem a pretensão de proteger a criança, sobretudo na ausência dos pais, é nesse momento que se faz necessária a presença do estado." O Dejus é responsável pela classificação indicativa de programas televisivos, filmes e jogos de computador. O serviço, previsto na Constituição e no Estatuto da Criança e do Adolescente, indica para quais faixas etárias e horárias determinado produto não é recomendado. Segundo Romão, o Ministério da Justiça pretendia lançar o edital da pesquisa sobre o impacto dos programas ainda em março, mas os debates a respeito das novas regras de classificação indicativa para TV acabaram adiando a publicação. Quatro artigos da 264/07 tiveram a entrada em vigor suspensa. “Se cai a vinculação horária, por exemplo, muda ao menos o arranjo da pesquisa: o foco, o tipo da criança, o horário. O que fizemos foi produzir um edital que qualquer que seja a decisão do Supremo Tribunal Federal a pesquisa ainda faça sentido.” Serão investidos R$ 330 mil no levantamento, que deverá ficar pronto ainda em 2008. Os pesquisadores que já possuem estudos sobre o impacto dos programas de TV nas crianças e adolescentes poderão participar do levantamento coordenado pelo Ministério da Justiça. “Vamos, então, com essa rede de pesquisadores, criar condições para desenvolver uma pesquisa de longo prazo, de influência”, explica o diretor do Dejus. Segundo ele, o estudo dos próximos meses poderá lançar bases para um acompanhamento contínuo, capaz de avaliar que tipo de conduta a criança pode ter, na idade adulta, depois de ser exposta a determinados tipos de cena. O diretor lembra que a classificação indicativa é um instrumento de defesa dos direitos humanos. Atualmente, na dúvida se determinada imagem causa ou não impacto à criança, protege-se a criança. O objetivo da pesquisa é exatamente obter informações concretas sobre esse impacto para orientar os pais a respeito do assunto. Atualmente, os analistas da classificação indicativa utilizam como base para o trabalho um manual que leva em conta o contexto e a intensidade em que cenas de sexo, violência e consumo de drogas aparecem. “Como as TVs no Brasil nunca se prontificaram a realizar pesquisas que avaliassem impacto, influência, não se tem provas de que faz mal mas também não tem provas de que faz bem. A classificação tem a pretensão de defender crianças e adolescentes, mesmo que não conheçamos com precisão qual o impacto que as cenas de sexo e violência produzem sobre eles.” Fonte: Agência Brasil - Marcela Rebelo