Igreja e juventude: a violência contra jovens no Brasil
- Por Lenildo Medeiros
- Publicado em point da JUVENTUDE evangélica
A questão etária está diretamente relacionada com o nível da dor com a perda de entes queridos. Quanto mais jovem uma pessoa morre, mais sofrem aqueles de seu relacionamento. Em outras palavras, pais não foram feitos para enterrar os filhos; estes sim, os filhos, sabem que um dia vão enterrar seus pais.
O Mapa da Violência 2014, com o subtítulo "Os Jovens do Brasil", coordenado pelo sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, da Flacso Brasil - Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, revela uma triste realidade dos números da mortalidade violenta de pessoas nesta faixa etária no Brasil.
Ampliar nosso entendimento de juventude, que era o das Nações Unidas, de 15 a 24 anos de idade, para as definições do País: 15 a 29 anos de idade, o que originou a necessidade de reprocessar todas as séries históricas.
Necessidade crescente: evangelização e discipulado de jovens
O estudo deve receber especial atenção por parte de cristãos de todas as denominações. O assunto relaciona-se de forma intensa com o sofrimento e longos períodos de infelicidade das famílias. Refere-se também a situações em que pessoas tiveram pouco tempo para ouvir, entender e aceitar a mensagem do Evangelho.
Segundo o documento lançado nos primeiros dias de julho, que analisou dados de 2012, os principais fatores que têm levado os jovens à morte são: acidentes de trânsito, homicídios e suicídios.
Número de óbitos violentos impressionam
Numa década (de 2002 a 2012) os acidentes trânsito das cidades e estradas cresceram cerca de 25%, só no último ano do período citado (2012), foram mais de 46 mil mortes, com elevada incidência na juventude relacionada ao uso de motocicletas (16.223 no mesmo ano).
Quanto aos homicídios, mais de 2%, ou seja, mais de 56 mil óbitos. E isto vem crescendo de forma sistemática e constante ano após ano. Como diz o estudo, esse tipo de mortalidade "continua sua espiral de crescimento praticamente incontrolável. São taxas de homicídios maiores que a de alguns países em conflito armado ou guerra civil.
Por sua vez, o número de suicídios "eleva-se de forma contínua e sistemática ao longo da década". Entre 2011 e 2012, os suicídios aumentaram de forma preocupante: 3,9%, com destaque para Brasília e Goiás, com incrementos de 23,8 e 18,5%, respectivamente.
Os números da mortalidade violenta no Brasil (jovens ou não) nos últimos anos realmente impressionam. Segundo os registros do Sistema de Informações de Mortalidade (Ministério da Saúde), entre os anos 1980 e 2012, morreram no país 1.202.245 pessoas vítimas de homicídio (556 mil na última década; em 2012, mais de um massacre do Carandiru por dia: 154 vítimas diárias); 1.041.335 vítimas de acidentes de transporte; e 216.211 suicidaram-se (10.287 só em 2012: 2.900 entre 15 e 29 anos, 117 entre 10 e 14!). As três causas somadas totalizam 2.459.791 vítimas, grande parte destas pessoas, eram jovens.
O cristão diante da dura realidade de mortes violentas de jovens no Brasil
EVANGELIZAÇÃO E DISCIPULADO - Evangelize jovens com mais dedicação e frequência, buscando sabedoria em Deus e orando pelo poder da ação do Espírito Santo. Lembre-se de que a juventude pensa diferente, abomina hipocrisia, tem normalmente uma postura esperançosa no mundo, usa uma linguagem própria e é mais presente nas redes sociais que outros grupos etários. Ensine jovens sobre a importância do discipulado. A melhor maneira de evangelizar um jovem é outro jovem falando com palavras e com a vida, caminhando junto. Procure reformular suas ênfases, especialmente quando buscar o jovem. Não pense em encher igrejas, pense em ganhar vidas para Jesus (explique a diferença entre o que você propõe, um relacionamento com Cristo ao longo da jornada da vida no mundo, e a religião institucionalizada). Seja autêntico, aja com transparência, aborde com estratégia adequada (saiba a hora e o lugar de falar, fuja de legalismos), responda às dúvidas com sinceridade e fundamentação bíblica, leve cada vez mais pessoas a chegarem junto daqueles que passam por períodos de adversidade.
ORAÇÃO - Promova jornadas de oração pelos jovens de sua comunidade cristã, pela rapaziada da vizinhança e pela juventude brasileira como um todo. Para elaborar uma agenda e uma lista de motivos de oração, estude o relatório da pesquisa "Mapa da Violência 2014 - Os jovens do Brasil" em busca de subsídios para aprofundar "sua leitura de uma realidade que, como os próprios dados evidenciam, é altamente preocupante".
CAMPANHAS DE DESARMAMENTO - Incentive estratégias de desarmamento. Embora, tais campanhas não venham obtendo expressivos resultados na mudança da realidade, segundo nossa opinião, ainda é um dos caminhos mais próximos do ponto de vista bíblico, pois não se combate violência com mais violência. Também compartilhe mais vezes com os jovens sobre o ensino bíblico relacionado a uma cultura de paz e a contracultura cristã. Enfatize que os cristãos nadam contra a maré, e precisam praticar os ensinamentos de Cristo: "não se ponha o sol sobre a vossa ira"; "bem-aventurados os pacificadores"; "se alguém lhe bater numa face, oferece-lhe a outra" (Bíblia - Novo Testamento).
POLÍTICAS PÚBLICAS - Cobre das autoridades a criação e implementação de políticas de segurança pública, de educação de trânsito e valorização da vida mais efetivas e eficazes, honestas e práticas, nos estados e municípios. Mobilize campanhas e manifestações pacíficas para pressionar por ações com este fim.
ESTILO DE VIDA - Fale com os jovens a respeito da qualidade de vida em cidades menores... Para que mais pessoas enxerguem que não é só nas grandes metrópoles (onde, na realidade, a violência é muito maior) que a "felicidade" é possível. Ofereça à juventude algo com o que se ocupar, desperte sonhos, promova o empreendedorismo, ajude-os a estabelecer metas na escola e no trabalho, promova o gosto e a prática da leitura e os capacite a serem auto-didatas com os vastos recursos da internet hoje.
BÍBLIA - Enfatize a importância e as consequências práticas e eternas da leitura e estudo diário da Bíblia, que ajuda a ter uma vida de paz em Cristo, mais produtiva no que realmente importa e plenamente feliz. Diga-lhes que é na Palavra de Deus que o jovem encontra o caminho que transforma para muito melhor o presente e o futuro de qualquer pessoa.
Assista aqui a uma matéria exibida no programa Fantástico, da Rede Globo, com base no Mapa da Violência 2014, retrato da situação e evolução da mortalidade violenta no país de 1980 a 2012.
Veja a seguir alguns exemplos de gráficos do estudo sobre mortalidade violência no Brasil:
Leia a íntegra do relatório Mapa da Violência 2014 - Os jovens do Brasil, do sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, da Flacso Brasil - Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais.