Código Florestal - Desventuras em Série: O que fazer com o Futuro se a gente não sabe o Presente?
- Por Marcos Custódio
- Publicado em compromisso MEIO AMBIENTE
Os acontecimentos de quarta-feira, 11/5, no Congresso Nacional mostram o quanto nossa democracia precisa evoluir e amadurecer para enfrentar as grandes questões do futuro do Brasil e do mundo que se apresentam atualmente para a geração que está no poder. Durante mais de 12 horas, um falatório sem fim, com posições conflitantes, frases de efeito e pouquíssimas posições equilibradas e sensatas; foi (ou deveria ter sido) debatido o novo Código Florestal. O Código influencia diretamente os diversos biomas brasileiros, sendo que a maioria já está em riscos reais de degradação. O sistema de águas, que abastece as regiões do Centro-Sul, pode ser afetado diminuindo o volume dos rios que abastecem de água (e energia) toda a região. A isto são somados os efeitos das mudanças climáticas (vide os desastres na Região Serrana Fluminense, Secas na Amazônia) que podem trazer consequências negativas para a agricultura brasileira, se for construído um documento que não seja tecnicamente pertinente, relevante e socioambientalmente sustentável.
Portanto, mudanças no Código Florestal requerem conhecimento técnico, discussões com especialistas, debates abertos, tempo para avaliar a construção deste documento. Não é possível fazer ajustes, emendas e melhorias em algumas horas de discussão no meio de insultos e muito despreparo, num congresso que visivelmente está tomando as atitudes erradas pelos motivos errados. A sociedade civil necessita se mobilizar para “pressionar” o poder Legislativo que está refém de grandes interesses. A mudança do Código Florestal se faz necessária para sua melhoria e contextualização, mas esta mudança necessita ser madura, preparada por pessoas especializadas e principalmente muito bem negociada.
Há, infelizmente, um grupo de ruralista (não são todos) que tem uma visão muito particular, pessoal e economicamente egoísta de como devem ser as discussões no Congresso Nacional e de como o Código Florestal tem que se adequar a suas realidades.
Portanto, ficou mais do que evidente o despreparo, desde o relator que não soube apaziguar os ânimos, criar ponte entre as partes e criar uma proposta junto a especialistas, até o Executivo Federal que demorou muito em “acordar” e fazer um direcionamento pró-ativo da discussão avaliando o impacto futuro da mesma para o meio ambiente e economia de nosso país. O que se seguiu foi uma sequência de erros, má articulações e desencontros que deixaram todos atônitos naquela hora da madrugada. O Governo Federal adia a votação para algum momento no futuro para melhorar sua articulação e ir com garantias de vitórias, nem que para isto ameace os produtores rurais com um decreto que os puna com multas pelo descumprimento do atual Código Florestal.
Um fato singular é que boa parte da chamada bancada evangélica esteve ao lado dos ruralista. Há muito o que se perguntar aos nobres edis evangélicos se os mesmos o fazem por ignorância ou má-fé. Quando a Bíblia, em Gênesis 2:15, nos mostra o chamado para sermos os mordomos da Terra, os cuidadores (administradores) da Criação de Deus, precisamos refletir como e o que nós cristãos temos feito para cuidar deste Planeta, que é criado e amado por Deus.
Minha esperança é que possamos defender a criação de Deus com tanto ímpeto e empenho quanto defendemos a nossa posição contra o casamento gay, pois se fizermos isto, há alguma oportunidade de mostrarmos como a cristandade ama a Criação do Deus Criador.
Sem esta participação, corremos o risco de nos alienarmos das grandes mudanças que estão ocorrendo no mundo, virarmos um gueto, que não traz mensagens proféticas e de salvação para ninguém, por pura falta de relevância em nossas ações e posicionamentos. (Por Marcos Franqui Custodio, Químico, Msc. Ciência dos Alimentos)