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Obesidade é preocupação mundial

O aumento da obesidade, principalmente entre as crianças, é uma preocupação mundial que envolve médicos e também especialistas em áreas ligadas à alimentação, à comunicação e aos direitos humanos. Essa constatação ficou clara numa audiência pública realizada no Senado Federal, dia 12/6, para discutir as causas e conseqüências do avanço da obesidade no Brasil, em especial entre as crianças. O médico e professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, Carlos Monteiro, disse que uma das principais causas da obesidade é a substituição da alimentação tradicional de décadas anteriores por outra que cada vez mais privilegia a gordura, a reposição enérgica, os biscoitos, os refrigerantes e os comidas prontas. Segundo Monteiro, "essa substituição está nos levando a uma alimentação obesogênica, que, associada à pouca atividade física e ao sedentarismo, está transformando a obesidade numa epidemia".

A coordenadora do Departamento de Doenças Metabólicas com Impacto Global da Sociedade Internacional de Endocrinologia, Valéria Guimarães, destacou ainda o problema do marketing e da publicidade promovidos pela indústria de alimentos. Segundo ela, o investimento nesse tipo de propaganda é tão grande quanto os gastos na área de saúde para combater a própria obesidade. - A indústria alimentar vai ter que rever suas práticas de marketing e incluir alimentos mais saudáveis entre seus produtos - disse Valéria Guimarães.

Já a coordenadora da Política de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde (MS), Ana Beatriz Vasconcelos, destacou as diretrizes, os programas e as ações da instituição voltadas para o combate da obesidade. Ela deu ênfase à política de Promoção da Alimentação Saudável, que tem, entre seus objetivos, o fortalecimento da alimentação básica, o controle da publicidade sobre alimentos, a informação adequada no ambiente escolar e ações voltadas para a regulação que envolve a rotulagem de produtos alimentares.

O pesquisador da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom), Edgar Rebouças, criticou a falta de políticas públicas voltadas para a regulamentação publicitária dirigida a crianças e adolescentes na área alimentícia.Já para o coordenador político da Ação Brasileira pela Nutrição e Direitos Humanos (Abrandh), Ivônio Barros Nunes, informou que a alimentação adequada, com acesso à quantidade e à qualidade, é um direito humano, desde que "numa relação de poder, esse acesso estabeleça ou possibilite a reprodução das culturas das comunidades". - Quando a sociedade não sabe tratar as informações de maneira adequada, facilitam-se as ações daqueles que, por interesse próprio ou na defesa de interesses escusos, aproveitam dessa incapacidade para transformar os interesses privados em interesses públicos - enfatizou. O jornalista Jorge Moreno deu um depoimento com base na sua experiência como obeso. Ele destacou que embora a obesidade seja uma doença, o gordo é sempre tratado com discriminação e até desrespeito. - É preciso tratar da obesidade, mas também do obeso, principalmente na questão da cidadania e da dignidade dele - afirmou Jorge Moreno.

Indústrias alimentícias - Em defesa dos 32 mil produtores de alimentos no Brasil, Carlos Roberto Faccina, vice-presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação, afirmou que a obesidade, ao contrário do que muitos pensam, não é culpa somente das indústrias alimentícias. A responsabilidade pelo aumento do número de obesos não só no Brasil, mas em todo o mundo, segundo ele, é multidisciplinar e envolve tanto as indústrias, quanto o meio acadêmico e até as escolas, entre outros. Para ele, a indústria tem sua parcela de culpa, mas também está preocupada com a questão da obesidade, pois sabe que a sociedade, cada vez mais voltada para a defesa de alimentos mais saudáveis, vai se manter fiel somente aos fabricantes de alimentos com menos comprometimento à saúde. - Todas as indústrias estão preocupadas com a questão da obesidade, com a redução dos açúcar e das gorduras, porque elas existem na medida que os consumidores se mantenham fiéis a seus produtos. É uma obrigação moral, ética e de sobrevivência dos produtores - defendeu Carlos Roberto.

A audiência foi realizada pela Subcomissão Permanente de Promoção, Acompanhamento e Defesa da Saúde, que funciona no âmbito da Comissão de Assuntos Sociais (CAS).

Fonte: Agência Senado - Valéria Castanho

Atualizada: Quinta, 19 Agosto 2010 09:00