Artigo: Big Bang repetido em laboratório? Que significa isto para os criacionistas?
- Por Wainer Guimarães
- Publicado em sala de ESTUDO BÍBLICO
“Acelerador de partículas cria explosão inédita e consegue simular e confirmar o Big Bang” (Globo Ciência on-line, Março 29, 2010). Há mais de 20 anos um crescente grupo de cientistas passou a adotar a teoria do Big Bang como a mais capaz de explicar a criação inicial do universo... "tudo começou com uma grande explosão".
A Teoria da Evolução para a grande maioria se adapta ao processo evolucionário das espécies, mas não “explica” o início para que se possa entender o gênesis de tudo. Com a criação do Colisor de Hádrons (LHC), em 2008, desenhado para acelerar as partículas até causar uma colisão de prótons, e o resultado da recente explosão criada dentro do Colisor de Hádrons no encontro de dois feixes de prótons, os cientistas entendem que o que foi observado explica mais claramente o início de tudo.
É interessante observar que o cientista escocês Peter Higgs sugere que em toda a criação existe uma partícula que ele denomina “Partícula de Deus”. Esta partícula é responsável por injetar massa em tudo o que existe no universo, transformando assim gases em galáxias, estrelas e planetas e, possivelmente, possibilitando o surgimento de vida na terra. A pergunta que muitos que crêem no processo de Criação Divina temos é: Será que este processo de explosão, sendo confirmado cientificamente, afronta, ou nega, a existencia de um ser criador, Deus, em tudo isto? Será que, se a criação surgiu através de um Big-Bang que desencadeou a criação do universo, terra, vida, em bilhões de anos e não em sete dias de 24 horas como os cristãos crêem, isto coloca a Bíblia, ou até mesmo a fé neste Criador, em cheque-mate? E se a ciência provar tudo isto? Onde fica Deus nisto tudo? Onde fica a fé?
Para muitos de nós, a ciência pode explicar mas nunca será capaz de provar, pois não poderá nos levar ao início, ainda que o tente fazer em situações controladas. O evento pode ser repetido mas... as condições iniciais nunca voltarão a ser as mesmas. E por mais que a ciência cumpra seu papel (e deve fazer isso!) de reproduzir em laborátorios eventos do processo da criação - e isto, usando toda a tecnologia disponível em mãos de mentes e inteligências somadas -, a incontestável conclusão é que tudo isto que fazemos agora só é possível sob o comando da inteligência humana concentrada e aplicada. Se precisamos de inteligência para recriarmos e entendermos o que já existe, então isto não é mais uma prova de que o que já foi também não teve seu Gênesis conduzido por uma inteligência? E, será que devemos brigar com a ciência por questões numerológicas? Ou seja, se cada dia do Gênesis não foi de 24 horas, isto anula a intervenção de Deus no processo? Se Deus, para quem um dia é como mil anos, resolveu trazer todo o universo em um processo temporal que poderia ter durado milhões de anos, isto anularia o fato de que foi Ele quem o fez? Ou, confirma isto que Ele não interferiria em processo natural quando assim o decidisse para que o que naturalmente necessitasse de milhões de anos pudesse ser criado em horas? Estaria Deus impedido de fazer milagres não explicáveis pela ciência, para a qual se necessita de tempo, porque a criação teria durado milhões de anos?
Teorias e conjecturas científicas e de fé podem servir de apoio e argumento para os devidos lados, mas nem a ciência pode recriar o universo para provar que tudo não foi criado por Deus, e nem a fé pode recriar o universo para provar que foi Deus quem o fez. O que fazemos, e devemos, é buscar os caminhos para entendermos melhor a nossa existência neste universo. O que devemos, acima de tudo, é atentarmos para a nossa transformação interior sendo refletida em nossa vida exterior para que assim toda esta força de um universo criador nos impacte para uma vida cada vêz mais humana, e, por consequência, mais à imagem e semelhança do Criador no presente. Se nossas teorias, religiosas ou científicas, nos inspiram para uma transformação na qual o valor de amar ao próximo é cada vez mais latente em nós, então eu creio que podemos dizer que esta transformação inevitavelmente nos levará à verdadeira origem de tudo. Para nós, cristãos, esta transformação é feita de fé em fé, e permeada por amor.
Para os “Tomés”, colocar o “dedo na ferida” é necessário, e Jesus, o Criador que não se perturba que muitos de sua criação precisam ver para crer, está sempre disposto a dar as provas... Muitas vezes, é a própria ciência que é aliada de Deus e que levou, e continua levando, muitos cientistas e Tomés aos braços da fé. A verdade que não creio que pode ser contestada (ainda que todos tenham o direito de contestar o que acham que devem contestar) é a realidade, em nossos atos hoje, no dia a dia, que reverberam em harmonia com o Criador, que nos ama e que tão maravilhosamente andou entre nós na pessoa de Jesus Cristo.
A verdade incontestável, creio eu, é que a existência de Deus não pode ser confirmada ou desmentida por experimentos e descobertas científicas em laboratórios. Se este Deus que cremos que existe é o criador de tudo, então não há como todos, crentes e descrentes, não venham a conhecê-lo um dia. Pode ser que, como por vezes só chegamos a conhecer alguém quando esta pessoa já está em sua velhice, mas, por conhecê-la sabemos que ela existia antes de a conhecermos, Deus não deixa de existir porque alguns ainda não o conheceram... Os que ainda não o conheceram também não deixam de ser honestos se buscam entender suas origens de todas as formas oferecidas. A ciência é uma destas formas.
Para mim, como cristão, esta descoberta da ciência é muito bem-vinda... confirma o que creio, mesmo que, na essência de tempo de criação, eu fico com os sete dias de 24 horas. Mas a maior confirmação é que, na criação deste “Big Bang Miniatura”, a verdade que permanece é que sem a “Partícula de Deus” ainda não se pode criar tudo de novo e nem se pode saber como tudo realmente evoluiu de gases a estrelas... terra... vida. O importante para nós cristãos, creio eu, é não atacar e acusar os que, usando a inteligência, e, ainda que sem a convicção de fé que temos, estão sinceramente, dentro de suas próprias limitações, buscando as respostas. Não há o que temer... se Deus é verdadeiramente quem cremos que Ele é, e para mim Ele é, então tudo é apenas uma questão de tempo... todos um dia o conhecerão e aí... diante d’Ele a grande pergunta não creio que vai ser: “Você creu que eu criei o mundo em 7 dias de 24 horas ou em bilhões de anos através do processo de Big Bang e evolução”? Mas, diante d’Ele, eu creio que a pergunta mais importante será: "Como vivemos estes poucos aninhos aqui nesta terra?" Isto sim será a resposta mais importante, pois Jesus foi quem nos ensinou os maiores mandamentos: “Amai a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo” (Mateus 22:37-39).
Em nossa maneira de viver, é onde geralmente residem as provas mais convincentes, principalmente para os descrentes, de que Deus é ou não o Criador. Precisamos nos lembrar de que nosso passo de fé de que Deus fez o universo em sete dias de 24 horas foi obtido aqui, na Terra, através de nossas experiências com os que deste Deus nos falaram e através dos que demonstraram que sua fé era mais do que um argumento intelectual, mas a “partícula de Deus” os conduzindo no dia a dia. Aplaudo a todo o cientista, crente ou descrente, que com todas as suas capacidades busca entender o nosso universo e todo o processo de vida nesta Terra maravilhosa.
Não sinto que estes homens e mulheres, que às vezes estão equivocados em suas conclusões científicas de acordo com o que creio que a Bíblia disse, são os que mais complicam para Deus. Do descrente devemos esperar sua descrença. O que creio, sim, é que nós, os cristãos, é que podemos ser os piores inimigos e fornecedores das mais fortes “provas” de que Deus não existe e não se incomoda com sua criatura, pelo nosso comportamento e falta de paciência e intolerância alicerçada em arrogância e ignorância. Que incrível a capacidade humana e o desenvolvimento da tecnologia! Glórias a Deus! (Por Wainer Guimarães - pastor da Comunidade Mosaico, na Zona Sul do Rio de Janeiro)