Moda evangélica: O que é, um pouco da história, algumas reflexões
- Por Else Vergara *
- Publicado em blog da MULHER cristã
Moda evangélica e moda em geral. A moda se impõe com um “código” e o resultado vai dizer ao mundo se você é protagonista ou figurante.
Hoje falo de MODA. E é algo muito mais profundo que apenas vestidos, saias, blusas, sandálias e outros tipos de roupas e acessórios.
Gn 3.7 e 21 diz:
“...e, percebendo que estavam nus, coseram folhas de figueiras e fizeram cintas para si. (...) Fez o Senhor Deus vestimentas de peles para Adão e sua mulher e os vestiu.”
Moda é identidade, em âmbito íntimo e social. Ela é expressão, é impressão. É uma linguagem.
Moda evangélica: definições e reflexões
O médico inglês do começo do século 20 e historiador da moda Cecil Cunnington — aliás, um colecionador apaixonado pela História da Moda que trabalhou junto com a esposa Philis em tudo o que produziu — traça os quatro vetores da linguagem da moda: a forma, a cor, o tecido e a mobilidade.
Como musicista, lembro que alguns teóricos definem sucintamente a Música como: Tensão e Relaxamento. Tudo é o mesmo para mim: as matérias-primas dessas duas Artes-Linguagens podem ser bem diferentes, mas linguagem serve mesmo é para expressar. Sendo o código aquilo que se aprende.
O que você faz é embebê-lo em seu imaginário e mudar o mundo com ele.
A Moda se impõe com um “código” e o resultado vai dizer ao mundo se você é Sujeito ou Paciente; protagonista ou figurante. Escolha.
Assinala a socióloga Gilda de Mello Souza, em O Espírito das Roupas: A Moda do século XIX e suas Significações Sociais (Companhia das Letras, 1987), uma tese dos anos 70 em que a autora aborda a Arte da Moda enquanto manifestação de Cultura e chama a nossa atenção para um grande marco do século XIX:
“A roupa não era mais um indicador de Classe Social; as coisas ficaram difíceis para quem queria ser reconhecido como nobreza ou elite, pois pessoas 'comuns' passaram a ter acesso a roupas bonitas, com cores, texturas, formas elegantes e refinadas. Distinguir-se ou impor-se só pela aparência ficou praticamente impossível”.
Claro que existe o mercado, um elemento "mau, feito pica-pau", com uma implacável massificação cultural que impõe ao indivíduo uma Estética de grupo, massacrando aquele elemento íntimo, da expressão, o imaginário individual e, para tanto usa de artifícios cruéis, explorando nossa sensualidade, sensação de aceitação e segurança, além de nossa vaidade social (desejo de distinção ou ambição). — “Ah! Ele consegue.” É prestar atenção: não se fala em conforto, ou afeto ao se analisar o mercado da Moda.
Agora, existe uma Moda Evangélica!
Ok, fomos atacados! Nós evangélicos, capitulamos ao mercado.
Ela quer determinar quem você é só de olhar. Você não precisa imaginar, criar, se expressar, apenas se encaixar. Quem é você? Uma evangélica, claro!
Essa moda é machista, quer dizer, beneficia os homens ao excluí-los.
Então, tenho de fazer um paralelo com as culturas semitas, em especial a muçulmana e a judia ortodoxa, em que as regras, com forte influência da religião, são especialmente rígidas para o corpo feminino.
Há mesmo um antagonismo em muitas culturas, entre vestimentas dos distintos gêneros.
Lembra da moda do século 19? Havia uma forma básica desejável para a vestimenta: “H, para a masculina e X, para a feminina”.
E, adivinhe só qual é o formato mais encontrado nos catálogos da moda dita “evangélica”. Isso: X! Ele mesmo. Cinturinha, alguns babados, mas, basicamente o mesmo X do século 19.
Quantidade de tecido
— “Mas por que tanto pano?”, intrigo-me ao ver os grupos de dança das igrejas. Será elemento cênico ou moral?
Sim, há funcionalidade naqueles panos.
Não defendo, em princípio, que a exposição do corpo feminino ou masculino deva ser regra ou tabu.
Equilíbrio e bom senso, por favor! Insinuar é mais sensual que expor. A vulgaridade é constrangedora. Consideremos algo chamado fetiche: caraminholas complexas que estimulam a imaginação erótica de alguns.
Não pense que não há sensualidade nas tais roupas apropriadas às “irmãs”. Há. Isso sem citar que o corpo pode não ser favorecido pelo recorte da roupa (o X presume cintura, né!?).
O que lembra aquela irmãzinha que, novos 20 quilos depois, continuava usando as mesmas roupas e, se adquiria alguma nova, era do tamanho antigo. Dá até hipóxia! E puxa daqui, puxa dali… vai vendo!
E você? Quanto pano usa?
Alguma roupa em X? Compra naquele shopping dos crentes? Alguma burca?
Se esconde ou se revela? Se exibe ou se insinua?
Usa conforto e afeto, ou forma e cor? Adorno ou crachá?
* Else Vergara, educadora e musicista.